Quem nunca experimentou aquelas dietas da moda que prometem perder vários quilos em poucas semanas? Da proteína, da sopa, da lua, do carboidrato etc são muitas as dietas, e todas com o objetivo de fazer a pessoa emagrecer rápido e conquistar o corpo ideal para o verão, entrar naquela calça jeans que foi aposentada há meses… Então acontece que a pessoa perde todos aqueles quilos tão indesejados, sente-se finalmente feliz e realizada, mas passado algum tempo (e nem precisa ser tanto tempo), a pessoa começa a recuperar os quilos que foram embora quase como mágica, as roupas já começam a não caber e voltam para o fundo do armário, o espelho já não é mais o melhor amigo, e a auto-estima vai lá pro chão. E agora? O que fazer? O que deu errado?
Do ponto de vista nutricional, podemos dizer que tudo foi muito errado. O objetivo que era o emagrecimento até foi atingido, mas o caminho para se chegar a ele não foi o correto. Quem consegue manter dietas tão restritivas por tanto tempo? Ninguém! O mais indicado seria uma reeducação alimentar, orientada por um nutricionista para atingir a meta do emagrecimento. Entretanto, não quero e nem posso adentrar no campo dos nutricionistas e falar sobre dietas ou programas alimentares. Sem dúvida o trabalho desse profissional é muito importante nesse processo; mas e quando apenas ele não é suficiente? E quando identifica-se algo que parece sabotar todo um trabalho seguro e bem planejado? E quando as emoções passam a pesar tanto na balança que não deixam que o ponteiro desça? E aí que entra outro profissional ““ o psicólogo ““ que irá trabalhar as questões emocionais que dificultam a perda de peso do indivíduo.
A psicoterapia ajudará o indivíduo a elaborar melhor a maneira de se relacionar com o alimento e com o que ele representa. São muitas as situações em que se indica o atendimento psicológico nos casos de obesidade e outros transtornos alimentares. Alguns são os exemplos de como as emoções dificultam o emagrecimento:
1. O alimento como principal fonte de prazer e consolo: quando tudo parece estar dando errado ou ela está passando por problemas de relacionamento (seja no trabalho, em casa ou com amigos) a pessoa diz a seguinte frase: “Hoje eu mereço aquela enorme fatia de torta de chocolate!” Ou seja, a pessoa não consegue sentir prazer naquilo que deseja e procura no alimento o prazer que deverá suprir aquele momento de insatisfação.
2. A obesidade como um grande escudo: dificuldades de relacionamento podem levar o indivíduo a se tornar e permanecer obeso. Inconscientemente, a pessoa se mantém nessa situação para evitar se relacionar com outras pessoas e enfrentar situações que teme. Nesse caso, ela poderá usar a desculpa de estar gorda para não freqüentar reuniões sociais, por exemplo.
3. Como defesa contra a própria “sensualidade”: existem pessoas que temem a própria sensualidade/sexualidade. A aceitação do corpo sexualmente maduro tem a ver com amadurecimento emocional. Entretanto, muitas pessoas enfrentam dificuldades nessa transição do corpo infantil para o corpo adulto. A “capa de gordura” protegerá essa pessoa de sentimentos de insegurança e ansiedade que uma exposição pode gerar.
4. Medo de ser feliz: muitas pessoas, por mais que repitam que querem muito ser felizes, no fundo, sentem muito medo dessa felicidade. Sentem-se não-merecedoras e têm uma baixa auto-estima. Esse medo, inconsciente, pode fazer com que a pessoa se sabote e destrua os objetivos, conscientes, que ela própria se dispôs a alcançar.
5. Engolindo as emoções: quantas pessoas estão acostumadas a se calar e não falarem aquilo que as incomodam ou as afligem? Não conseguem impôr limites ao outro e sempre concedem aquilo que o outro deseja (mesmo que ela mesma não deseje) para se passarem por “boazinhas”.
6. O ambiente familiar: em muitas famílias, o alimento é usado como forma de recompensa ou punição. São muitos os casos que a criança é premiada por uma boa ação com aquela comida predileta, ou então, por exemplo, a criança não tirou uma boa nota na escola, logo não poderá comer aquele lanche que tanto adora. Nesses casos, o alimento é usado como sinônimo de amor/afeto.
Em todos esses casos citados acima, a psicoterapia é o tratamento recomendado. Não será apenas a dieta (programa de reeducação alimentar orientado por um especialista) que ajudará o indivíduo a vencer a obesidade. Faz-se necessário o tratamento psicológico quando a obesidade não é apenas questão orgânica e de maus hábitos alimentares, mas também de origem emocional. No processo psicoterápico, o indivíduo será capaz de analisar e refletir sobre suas questões e dessa forma superar os obstáculos que tanto o atrapalham a atingir seu objetivo. Será um indivíduo mais confiante, seguro e conhecedor de suas próprias capacidades e limitações, e dessa forma, o emagrecimento será conseqüência natural de seu auto-conhecimento e do seu esforço.
Por Danielle Bastos
Psicóloga Clinica ““ CRP 05/34653
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